quinta-feira, 16 de abril de 2015

Foi..

E foi bom enquanto durou. Foi bom acordar ao seu lado em algumas manhãs. E caminhar sobre as calçadas escuras á uma hora da manhã. Foram bons, todos os sorrisos. Todas as músicas que restaram de lembranças. Todos os abraços que poderiam ter sido mais longos. Foi bom deixar de sair para aproveitar todas aquelas noites sentindo seu perfume e assistindo Nashville no sofá da sua casa. Foram bons os sorvetes que nos congelavam a alma, e os abraços quentes após eles. São tantas as coisas boas. Foi bom conhecer seus bichinhos de estimação e me apegar a cada um deles. Mas a saudade já bate. Foi bom ouvir sua voz como primeiro som pra os meus ouvidos numa manhã ensolarada de domingo. Aliás, eu odeio domingo. E de todos os meus domingos, você era quem alegrava-os. Foi bom ter te conhecido. Provado seus beijos. E conhecido suas carências e pontos fracos. É… Foi.



Mas passou. Acabou. Como quando ficamos doentes por um tempo, nos afastamos de tudo que estávamos acostumados, e vivemos uma outra rotina. Depois de um tempo você se cura e tudo volta ao normal, e só nos resta se adaptar. Mais uma vez. Foi assim.. Eu te tive por um tempo, vivi a sua realidade e me apeguei demais a ela. Agora acabou. E eu tenho que me adaptar a minha realidade. Tenho que aceitar que a partir de agora, é assim que irei viver. Distante. Inconstante. E em caminhos diferentes de você. Com outros sonhos, outras companhias e outros planos. Eu terei de aceitar o fato de que eu não o tenho mais. Que como uma saudade que parece que mata, o amor destrói quando acaba também. No fundo eu sei que você nunca foi o melhor para mim. Nunca me tratou tão bem. Nem me retribuiu aquele amor que eu estava disposta a lhe entregar todos os dias. E você sabe. Você não me dava as mãos enquanto caminhávamos juntos. Achava clichê demais. Não me entregava um sorriso quando nós acordávamos. E eu lhe entregava todos os meus sorrisos. Você nunca me deu flores. Nem perfumes que possuem fragrâncias que me fariam lembrar de você. Sendo que sobre mim, de todos os meus perfumes você sabia de cor. Eu sei que existiam pessoas que fariam muito mais por mim. Mas quem disse que eu queria alguma delas? Eu queria você. Com seu jeito meio sem jeito de ser. Todo errado. Todo seco. Todo grosso. Você, com essa sua voz sem timbre. Com essa sua risada contagiante. Com esse seu sorriso frouxo. Leve. Lindo. Eu só queria você.  

E quanto mais a gente sente medo de perder alguém, mais longe essa pessoa prefere ir. Você enfrentou minhas desculpas. Passou por cima dos meus medos. E me largou em frente a uma realidade que eu nunca estive disposta a encarar. Você fechou os olhos para o que estava na sua frente. E me largou lutando contra as minhas lágrimas. Bateu a porta e não se importou se poderia machucar quem estivesse atrás dela. Você correu por cima de tudo que eu temia. E bateu os pés no chão, quebrando todos os vidros. Todos os cacos. Sendo que aquilo que te machucava por fora, era aquilo que me machucava por dentro. E aqueles cacos, não eram simples cacos. Eram o meu coração. Se lembra? Se lembra que jurou cuidar? Se lembra das feridas antigas que você remendou? E dos cortes que por você, cicatrizou? Veja só, foi só eu virar as costas para você quebrar tudo que eu havia confiado em lhe entregar. E quer saber? Eu cansei de me machucar tanto assim. 



E eu confesso que mesmo depois de tudo, eu continuei a esperar por você. Só que eu percebi que parecia que quanto mais eu esperava, mais você se atrasava. Que quanto mais eu lembrava, mais você se esquecia. E que quanto mais eu gritava, mais você fingia não me escutar. Parecia que quanto mais eu me entristecia, mais você se alegrava. E quanto mais o tempo passava, mais eu parava nele procurando lhe encontrar. Acreditando que você iria voltar. 

EI, ACORDA! É óbvio que ele não vai voltar. 

E eu precisei aceitar o fato de que o passado é passado. E que se fosse bom mesmo, seria presente. E você é o meu passado. 

Você é uma parte do meu passado. E, só.  

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